Embora sabidamente o povo
brasileiro não saiba responder dignamente seus agressores, vivemos num ambiente
no qual uma avalanche de imagens reais dessa natureza invadem nossa rotina.
Dentre tantas, decidi escrever alguma coisa sobre um desses absurdos com o qual
convivemos no dia a dia, porém aceitando passivamente a incompetência e
irresponsabilidade daqueles que, apesar de ter à mão a solução definitiva do
problema, se esquivam ou simplesmente se omitem de assumir sua responsabilidade,
mesmo sabendo que sua inércia pode custar a vida de muitas pessoas e prejuízos
à sociedade. Uma dessas imagens é a reforma da ponte que liga as cidades de
Coronel Fabriciano e Timóteo, que se arrasta há mais de cinco anos porque os
vários acidentes ocorridos no local e a vida do trabalhador ceifada num desses
acidentes, não foi capaz de sensibilizar a irresponsabilidade, insensatez e
incapacidade funcional dos políticos e administradores envolvidos.
Em dezembro de 2012 um laudo
do Denit interditou essa ponte, chamada ponte velha, por problemas de
segurança. Com a interdição, o transito foi totalmente desviado para a ponte
nova que liga as duas cidades, passando pelo centro de Coronel Fabriciano. Em
2013, o Denit decidiu liberar a ponte para carros de passeio e colocou blocos
de concreto ao longo da pista e nas entradas, impossibilitando a passagem de
carros pesados que continuaram passando pela ponte nova. Neste período, isto é,
desde a sua interdição, vários acidentes ocorreram no local, destacando-se o do
pedestre arremessado por um veículo sobre os trilhos da linha férrea que passa
embaixo da ponte, com morte instantânea.
Com gestões constantes junto
ao Denit para a solução do problema, diretores da Prefeitura Municipal de
Coronel Fabriciano e entidades de classes da cidade se mobilizaram para
agilizar a liberação dos serviços de reforma da ponte, sem contudo obterem
sucesso. Vários compromissos foram assumidos pelo Denit para entrega da ponte
reformada à comunidade, porém tais compromissos acabaram ficando no
esquecimento e os usuários mais uma vez prejudicados. Enquanto isso, mais prejuízos e vidas poderão
ser perdidas no local. Esta é a meu ver, uma oportunidade para o Ministério
Público se manifestar, demonstrando seu interesse e compromisso com as
responsabilidades individuais e coletivas e a força da justiça nesse país.
A entrega da ponte reformada
deveria ser um compromisso imediato do Denit à comunidade desde sua interdição,
evitando assim os acidentes ocorridos no local. Entretanto, a incompetência e
irresponsabilidade dos envolvidos, causou prejuízos à comunidade e tirou a vida
de uma pessoa, deixando sua família desprotegida. Quem será responsabilizado
por esses crimes? A exemplo do que acontece com a maioria dos casos semelhantes
no Brasil, ninguém será punido, e a situação vem se tornando cada vez mais
insuportável, mais grave, com a demora pela reforma e o consequente risco de exposição
dos usuários a novos acidentes, bem como de novas vidas que poderão ser
excluídas do seio de seus familiares.
Geraldo Ferreira da Paixão
E-mail:
geraldoferreiradapaixao@gmail.com