quarta-feira, 12 de abril de 2017

REFORMA UNIVERSITÁRIA - PARTE III

Matéria publicada no jornal Vale do aço de set/2007

O anteprojeto da Reforma Universitária proposto pelo governo federal possui 69 artigos. A 1ª versão foi apresentada pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura) em 06/12/04. Passados dezoito meses de sua apresentação, o órgão controlador da educação brasileira não conseguiu ainda sua aprovação no Congresso. No entanto, neste período, o anteprojeto foi discutido e analisado por vários seguimentos da sociedade, sendo apresentado finalmente em 30/05/05 sua 2ª versão. De acordo com o Plano Nacional de Educação (PNE), nos próximos seis anos o governo pretende democratizar e qualificar todas as instituições de ensino, além de mais que dobrar o número de estudantes de nível superior, criando para isso, condições com qualidade e equidade. 
Atendendo orientação do governo, o MEC tem procurado democratizar as discussões. Até o momento mais de 200 instituições contribuíram para a elaboração da 2ª versão do anteprojeto. Participaram com sugestões as comunidades acadêmicas e científicas, empresariais, comunidades dos trabalhadores, movimentos sociais urbanos, rural e outras. O que se espera, entretanto da versão final, é que o ensino superior incorpore os graves problemas nacionais e os supere, interagindo com as vocações e culturas regionais e transferindo para a sociedade o saber e novas tecnologias. O reconhecimento da educação superior é latente em todos os países desenvolvidos ou emergentes, considerando sua importância pelo valor instrumental na formação e pesquisas científicas e tecnológicas, além de proporcionar ao estudante uma formação ética, cultural, social e moral mais elevada. A visão dessas necessidades torna o sistema utilizado naqueles países cada vez mais mutável, estimulando a expansão e o crescimento do ensino superior.
A partir do inicio deste século, a sociedade brasileira começou a questionar os vários níveis de ensino, em especial a dificuldade de acesso e a qualidade do ensino superior. As manifestações dos vários segmentos sensibilizaram os responsáveis pela legislação da educação, fazendo com que o gestor brasileiro propusesse a Reforma Universitária na expectativa de que esta alcance os níveis de acesso e qualidade internacionais.
Apesar do crescimento do setor privado, responsável por 2/3 dos alunos matriculados e das dificuldades de acesso e obtenção de financiamentos públicos, 9% dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos conseguem chegar à universidade. É um índice muito modesto para o tamanho do Brasil. Por outro lado, nossos cursos de pós-graduação são referências internacional, situando-se como os mais abrangentes e qualificados da América Latina. Órgãos como a CAPES – Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível superior, o CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e a FINEP – Fundação Financiadora de Estudos e Projetos cumprem um papel fundamental para que possamos atingir a excelência em diversas áreas do conhecimento. Estes órgãos, responsáveis pela aplicação de políticas modernas de incentivo à pesquisa científica e tecnológica, devem fomentar a qualificação de nossos cursos, de tal forma a manter nossas instituições de ensino e pesquisa as mais respeitadas do mundo.
A importância da reforma universitária ora proposta é tão relevante que cabe-nos perguntar: Qual é o padrão de referência para o ensino superior? A Universidade de Córdoba, na Argentina, fundadora do padrão universitário latino-americano, mostra através de um processo histórico que há uma grande necessidade de manutenção do poder de transformação e da soberania no compromisso social com a sociedade envolvida. Qualquer reforma que se faça neste país envolvendo o ensino superior, não poderá fugir dos princípios básicos da Universidade de Córdoba: a autonomia universitária, a gestão democrática, a gratuidade do ensino superior e o compromisso social.  
A mutabilidade do ensino superior brasileiro teve um forte impulso com a instauração da República. Embora ao longo dos anos tenha havido muitas legislações pertinentes, duas reformas merecem destaque: a de 1931 de Francisco Campos, no governo provisório de Getúlio Vargas e a de 1968 de Tarso Dutra, durante a ditadura militar de 1964, ainda em vigor. Enquanto a reforma de 1931 se notabilizou pela gestão implacável do Estado, a reforma de 1968 se caracterizou pela migração do processo de Córdoba, com participação ativa da União Nacional dos Estudantes – UNE.
O governo do presidente Lula assumiu a responsabilidade de instaurar uma nova reforma universitária que atenda aos anseios da nova geração de estudantes. A incompatibilidade da legislação atual, herdada do regime autoritário, carece urgentemente dessa reforma para que o estudante brasileiro possa aspirar acesso mais democrático às universidades. O anteprojeto ora tramitando no Congresso Nacional passou por um processo amplo de debate da sociedade brasileira, tendo levado o MEC a concluir que em educação o método e o processo são tão importantes quanto os resultados. O anteprojeto nada mais é que uma proposta republicana para a educação superior, respeitando a identidade e a vocação de cada instituição de ensino.

Geraldo Ferreira da Paixão
Engenheiro e Professor

e-mail: geraldoferreiradapaixao@gmail.com

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