quinta-feira, 13 de abril de 2017

REFORMA UNIVERSITÁRIA – PARTE X

Matéria publicada no Jornal Vale do aço de set/2006

Retroagindo um pouco no tempo, constatamos que as propostas de mudanças na legislação do ensino superior brasileiro nas últimas décadas muito pouco efeito surtiram para a sociedade. Analisa-las implica considerar tanto os avanços quanto os recuos constatados no período.  A discussão mais importante continua sendo o acesso das pessoas pobres a esse grau de ensino e a importância do setor privado para a educação superior.
As mudanças mais significativas propostas pelo projeto de Lei ainda em tramitação no Congresso Nacional foram aqui analisadas nos nove capítulos anteriores. Na verdade, a educação superior brasileira é como um doente, que para muitos não tem remédio. É uma situação que vem destruindo a auto-estima dos profissionais da área, tornando-os economicistas por excelência. Se ultrapassada essa visão limítrofe do economicismo, da locação de recursos, tais profissionais poderiam indicar remédios para a cura, senão definitiva, pelo menos para minimizar os problemas.
As novidades do Projeto de Lei desagradam a iniciativa privada e tem sido alvo de criticas contundentes de vários especialistas da área. Algumas dessas novidades são a reserva de setenta e cinco por cento dos recursos da educação para as universidades federais, criação do Conselho Social de Desenvolvimento nas escolas superiores de todo o país, exigência de um terço do corpo docente em tempo integral e limitação de trinta por cento na entrada do capital estrangeiro na iniciativa privada.
Há um temor muito grande de que a lei seja aprovada com um texto ruim. O setor privado teme que lei carregue um caráter ideológico, segundo o qual a existência da escola privada é sinônimo de mercantilização da educação. Segundo Paulo Cardim, o setor privado tem que ser considerado como um parceiro, não existindo nenhum lugar no mundo no qual o estado consiga prover sozinho a educação superior.
Um dos pontos mais criticados do texto é o que institui o Colegiado Superior, formado por professores, alunos, funcionários, membros estranhos à escola e a mantenedora da instituição. A polêmica gira em torno da participação limitada neste Colégio em vinte por cento para a mantenedora, o que vem gerando muitas críticas de diversos setores. “Não se pode tirar da mantenedora o poder de gestão sobre a escola”, diz Paulo Renato, ex-ministro da educação.
O projeto prevê ainda uma ouvidoria que teria a função de receber as criticas sobre a escola e encaminha-las à direção. Para o cargo de ouvidor deverá ser eleito um professor ou um técnico. Há uma grande polêmica em torno desse cargo; tem instituição que finge que tem livro, outras fingem que tem autoavaliação e agora vão fingir que têm esse especialista.
A reforma também legisla sobre a titulação dos professores, bem como da quantidade de docentes em tempo integral. É um item bem aceito pela comunidade acadêmica pois é interpretado como uma forma de elevar o nível da qualidade do ensino superior no país. Alguns especialistas entretanto, opinam que a integração do corpo docente em tempo integral poderia onerar o custo das mensalidades tornando o estudo inviável para o aluno.
O texto da reforma começou na gestão de Cristovam Buarque, passou por Tarso Genro, foram colhidas as sugestões e críticas da comunidade acadêmica e entidades relacionadas ao setor da educação. Segundo Cristovam Buarque “Para a reforma universitária ser eficiente e gerar uma escola superior boa, é preciso ter educação básica boa”. Resta-nos agora somente esperar e torcer para que o texto final do projeto atenda realmente os anseios da comunidade acadêmica brasileira.  

Geraldo Ferreira da Paixão
Engenheiro e professor

E-mail: geraldoferreiradapaixao@gmail.com

LIBERAÇÃO DO PIS/PASAEP

COMO LER OS ARTIGOS PUBLICADOS NO "BLOG PROCURE E ACHE" DE GERALDO PAIXÃO

 Você que me aqcompnha através do meu blog "PROCURE E ACHE" pode agora ler todos os artigos que já publiquei, bem como comentar, c...