O conceito de avaliação,
principalmente quando aplicado ao ensino, é de uma forma geral uma busca
constante de resultados com os quais ansiamos obter avanço cientifico e
cultural de uma teoria, atividade ou ação, capaz de resultar em melhorias tal,
que interagindo nos processos, vão gerar um novo conhecimento, uma nova
concepção teórica sobre o objeto em estudo. Assim, o conceito de avaliação tem que
ser visto pelo educador com certo grau de crítica e discernimento, considerando
principalmente alguns fatores como lugar, tempo, como o problema pode ser
visto, formação, experiências de vida, crenças, aspectos sociais, políticos,
econômicos etc. Segundo DIAS SOBRINHO,
“avaliar é uma ação que não admite neutralidade”. Ao questionar, precisamos
saber os fundamentos e respostas das questões formuladas, para então fazermos
julgamentos dos conhecimentos adquiridos. Deve-se levar em conta que estamos
num momento de grandes transformações, e que fatores como solidariedade,
respeito, compreensão e outros, são tabus que precisam ser quebrados.
Há um conceito errôneo entre os
educadores que utilizam o processo avaliativo como uma forma de punir os
discentes com resultados insatisfatórios. Ora, se isso fosse uma prática
adequada para julgamentos, o que seria do futuro destes alunos? E para a
escola? Por isso, cabe uma reflexão em todos estes casos. É preciso utilizar o
resultado dessas avaliações e, aprimorar sistemas, métodos, didáticas,
convivência escola comunidade, melhoria de qualificação do corpo docente e
várias atividades afins, capaz de reverter o quadro de avaliação desses alunos.
Para LUCKESI, “avaliar é um ato pelo
qual, através de uma disposição acolhedora, qualificamos alguma coisa (objeto,
ação ou pessoa), tendo em vista, de alguma forma, tomar uma decisão sobre ela”.
Historicamente, o conceito de
avaliação pode ser dividido em quatro gerações: a primeira, predominantemente
técnica, não separa avaliação de medida. A segunda consiste na aplicação de
testes para verificação do alcance dos objetivos. A terceira é marcada pelos
valores específicos atribuídos pelos avaliadores. A quarta geração passa a ser
democrática, com ênfase na negociação como elemento de ligação entre avaliador
e avaliando, capaz de gerar maior criatividade e desenvolver o espírito
cientifico, proporcionando maior participação de todos.
Muitos
profissionais da área de ensino confundem verificação com avaliação. A
verificação consiste em ver se o que se fez está correto, e pronto. Encerra-se
aí o ciclo de ação. Na
avaliação, atribui-se um valor àquilo que se fez, devendo a partir daí atribuir
uma ação prática. Deve-se então o educador se preocupar, com o que fazer a
partir da avaliação, uma vez que em geral há uma acomodação. É necessário fazer
da teoria a prática, focando sempre a busca dos resultados que a avaliação
refletiu. Diante deste quadro, devemos enquanto educadores, estar continuamente
refletindo acerca das questões relativas ao valor da avaliação para o ensino.
Em síntese, não podemos subestimar os
valores que a avaliação apresenta para demonstrar o rendimento do aprendizado
desejado, entretanto, também não podemos deixar de valorizar a importância das
avaliações como feedback para o desenvolvimento do ensino, permitindo àqueles
que comandam, promover melhorias no processo. Outro fator que precisa ser
considerado relativamente à avaliação, é o retorno que a instituição dá à
sociedade a partir dos resultados. Paralelamente, enquanto se vale destes
resultados para o aprimoramento do ensino e da aprendizagem, promovendo o
crescimento intelectual do corpo docente e discente, a instituição repassa à
sociedade essas melhorias, através da prestação de serviços de ensino cada vez
mais qualificados e diversificados, tornando co-responsável pela educação e
participação do cunho científico dos cidadãos.
Cabe refletir um pouco mais sobre as
funções da avaliação. Resultados como, rendimento escolar, qualidade do ensino,
progresso escolar, qualificação dos professores etc, não devem segundo
SACRISTÁN & GÓMES, serem atribuídos à avaliação, pois estes são prévia e
sistematicamente atribuídos à instituição. Vale acrescentar, porém, o lado
social da avaliação, não sendo uma tarefa fácil para o educador, nem para a
sociedade distinguir o bom do ruim na avaliação, precisando para isso, de uma
alta dose de conhecimentos sobre este processo. Além disso, o poder do
professor na sala de aula, dá ao docente uma certa autonomia que na maioria das
vezes pode denegrir seu trabalho. Utilizar a avaliação para certas ações como
suspensão, enquadramento a procedimentos, normas etc, pode dificultar o
processo de aprendizagem e desenvolvimento escolar. Cabe ao corpo docente,
aplicar com eficiência esses conhecimentos, tornando o resultados das
avaliações, como já dito, uma forma de fomentar o crescimento do processo
educativo.
Alguns autores afirmam estar havendo
uma inversão de valores, uma vez que os professores supervalorizam as avaliações
levando-se em conta somente o resultado daquilo que os alunos demonstraram ter
aprendido durante o processo. Segundo estes mesmos autores, as avaliações devem
motivar os alunos à criatividade, estimulando-os a inovar e desenvolver o senso
crítico. O processo avaliativo deve buscar ao longo do período credenciar o
aluno a absolver cada vez mais conhecimentos. Cabe ao professor, toda vez que
ocorrer um desvio, aplicar ações corretivas ao longo do processo, que possam
corrigir no aluno, as deficiências apresentadas.
Na dicotomia
ensinar x avaliar, verificamos que falta aos professores mais apoio para acesso
a novos conhecimentos, à eliminação de certos paradigmas capazes de contribuir
para o aprimoramento constante da prática educativa. Esta falta de incentivo
dos governantes, provoca no professor um certo desconforto na prática de sua
profissão, tornando-o na maioria das vezes inoperante, incapaz e desmotivado. O
bom professor entretanto, fomenta o saber e, sabe que não pode ficar estagnado
perante a situação; deseja vislumbrar novos conhecimentos, incomoda com o estado estagnado, a falta de
iniciativas que identifiquem novos horizontes para o desenvolvimento da ciência
e pesquisa.
Essa inquietação do educador, mostra a grande
necessidade de buscarmos, a cada dia, uma forma de eqüalizar as políticas
educacionais evidenciando um novo projeto para o ensino e aprendizagem. Esta
ânsia pelo saber, mostra um outro lado do professor – o comportamental. Segundo
TYLER o comportamento dos alunos deve ser o fundamento da avaliação, pois, o
que se pretende em educação é, exatamente, mudar o comportamento das pessoas. A
avaliação, sempre foi ao longo da história, um grande um desafio para os
educadores. Contrapondo-se à teoria de que avaliar é auferir resultados. HOFFMANN,
propõe uma avaliação mediadora, na qual compete ao professor escutar,
interrogar e compreender mais o aluno. Na verdade, todas as teorias sobre o
assunto, são legítimas e ao contrário do que muitos pensam, precisam ser
consideradas, analisadas e delas se extrair máximo, visando exclusivamente a
melhoria do processo, qualquer que seja ele.
Considerando todos estes fatores,
podemos afirmar que avaliar não é somente um ato para comprovação de rendimento
escolar, mas é, principalmente, um roteiro para refletir e planejar melhor a
prática didática.
Assim, no processo avaliativo a
função do educador é de fundamental importância, pois, vai direcionar uma série
de informações diretamente ligadas a todo o processo. A postura do professor
deve ser de aplicar o padrão implicitamente alocado no seu conhecimento
cientifico, isto é, primeiro ele precisa se auto-avaliar tomando consciência de
que está aplicando o melhor para a equipe. A avaliação precisa acompanhar o
desenvolvimento do grupo, subsidiando reflexões e criatividades. O educador
precisa estar constantemente aberto ao diálogo e se comprometer, bem como toda
a equipe com o resultado da aprendizagem.
O que os educadores precisam se
conscientizar é que não há mais espaços para as avaliações punitivas, que segregam
o aluno por não ter obtido rendimento satisfatório. Ao contrário, cabe em
situações desta natureza uma avaliação criteriosa do processo, detetando os
desvios e aplicando ações corretivas devidas. Cinco fatores importantes devem
ser considerados pelos professores com relação à avaliação:
- O professor deve alterar seu
conceito com relação à avaliação autoritária que o sistema lhe confere,
passando a considerá-la como um ponto de reflexão e informação para a melhoria
do processo de ensino.
- Compete ao professor rever sua
metodologia de trabalho em sala de aula, aplicando técnicas modernas, que geram
a participação e criatividade de todos.
- A avaliação deve ser analisada sob
o ponto de vista da prática do ensino, devendo o professor fazer as correções
devidas durante o processo.
- Os resultados da avaliação não
devem ser considerados pelo professor como um monstro, incapaz de ser vencido.
O educador em frente a uma situação de dificuldades, deve adotar uma postura
diferente, focando sempre a melhoria da aprendizagem.
- É preciso que
seja criada uma nova mentalidade em toda a comunidade educativa, no sentido de
se obter dos alunos, dos colegas, educadores, dos pais e da sociedade em geral
subsídios para o aprimoramento constante da aprendizagem.
A avaliação é, sem dúvida, uma das
ferramentas mais importantes do processo ensino-aprendizagem. Ela começa na
preparação das grades curriculares, passando pelo planejamento, execução e
conclusão do processo.
Uma avaliação consciente, focada nos
objetivos gerais da educação, deve começar com a indignação dos professores, ao
se sentirem incomodados com os resultados esperados, ou seja, o corpo docente,
bem como toda a direção da escola, devem se imbuir do princípio de que a
avaliar é um ato constante de planejar para fazer melhor. Não se pode mais
conceber a avaliação apenas como um fator de medida, uma vez que, sua dimensão
tem uma abrangência linear em todo o processo, não podendo em hipótese alguma
os educadores abandonar os vários parâmetros analíticos, capaz de contribuir
para o desenvolvimento científico do ensino, sem perder suas particularidades
como instrumento mediador da capacidade intelectual dos alunos.
Como vimos, é muito difícil
extrairmos uma definição de avaliação. As definições até o momento definidas
pelos principais educadores dão uma idéia clara da universalidade do conceito
da avaliação, mas, de uma forma geral, todas as definições partem do principio
de que a avaliação deve buscar uma solução futura, isto é, seu campo de ação é
tão vasto que as conseqüências técnico-científicas, são incomensuráveis,
considerando principalmente, que são ainda inimagináveis os resultados a
alcançar.
Não podemos utilizar a avaliação como
um recurso par a medir o nível de aprendizado dos alunos? Claro que sim!
Entretanto, como diz Luckesi, alem do planejamento, o professor deve utilizar a
intencionalidade, ou seja, é preciso reconhecer todo o envolvimento do aluno no
sentido de desenvolver e perseguir os resultados planejados, quais sejam o
melhor aproveitamento escolar possível.
Daí é muito importante o acompanhamento
sistemático do professor, contribuindo com o aluno através de estímulos e
confiança, de tal forma a motivá-lo cada vez mais. Isso, entretanto, não se
obtém apenas penalizando quando este aufere resultado insatisfatório. Ao
contrário, quando isso ocorrer, deverá o professor avaliar a situação do aluno,
com um acompanhamento mais próximo, possibilitando o discente recuperar os
conteúdos perdidos ao longo do processo.
O planejamento é um estado de espírito, daí que, devem os
profissionais do corpo docente se qualificar cada vez mais no desenvolvimento
da avaliação, procurando contribuir sempre, ou cada vez mais e melhor com o
agrupamento dos alunos de sua equipe, o que fará que, individualmente, e em
grupo, todos obtenham resultados mis significativos. A educação não pode ser
simplesmente uma fonte de medição do conhecimento, mas precisa antes de tudo,
ser o canal propulsor, a engrenagem para o desenvolvimento do
ensino-aprendizagem. Todos esses fatores
e outros também relevantes deverão ser objeto de um bom planejamento, da
execução de um plano adequado que atenda os interesses da comunidade, visando o
atendimento dos anseios sociais e culturais da sociedade. E não podemos
esquecer que ao longo do processo, precisamos estar muito atentos, avaliando
individualmente ou em grupo, sem, entretanto abandonar os princípios básicos
que fundamentam uma boa avaliação, que busque constantemente a obtenção dos
resultados programados. Estes como sabemos, devem espelhar muito mais que uma
nota, um determinado nível de conhecimento medido, devem na realidade mostrar
aquilo que se planejou , e, ao longo do tempo, ou processo, foi perseguido com
perseverança e dedicação por professores e alunos – o resultado.
A nota é um instrumento da avaliação,
com a qual medimos um dos fatores importantes do processo. Entretanto, o
professor não poderá se limitar a este resultado apenas, para uma tomada de
decisão relativamente ao conteúdo de conhecimento adquirido, uma vez que o
processo avaliativo, como já foi dito, tem uma abrangência muito grande. Alguns
autores são enfáticos, ao dizer que, não há uma forma definitiva para se
definir avaliação, e que a maioria das definições até agora conhecidas são
construtos mentais, cuja correspondência com alguma realidade não é importante.
Obs: Matéria publicada no Jornal Vale do Aço de out/2007
Geraldo Ferreira da Paixão
Engenheiro, professor e pós–graduado em docência do ensino
superior
e-mail: geraldoferreiradapaixao@gmail.com