Matéria publicada no Jornal Vale do Aço em out/2005
Vamos abordar hoje um tema muito importante na educação que é a avaliação escolar. Infelizmente, nem todos os docentes têm a noção exata deste conceito, e como conseqüência, os resultados planejados não são alcançados. A avaliação necessariamente deve fornecer subsídios para um avanço cientifico e cultural de uma teoria, atividade ou ação, capaz de resultar em melhorias tal, que interagindo nos processos, vão gerar um novo conhecimento, uma nova concepção teórica sobre o objeto
Há
um conceito errôneo entre os educadores que utilizam o processo avaliativo como
uma forma de punir os discentes com resultados insatisfatórios. Ora, se isso
fosse uma prática adequada para julgamentos, o que seria do futuro destes alunos?
E para a escola? Por isso, cabe uma reflexão em todos estes casos. É preciso
utilizar o resultado dessas avaliações e, aprimorar sistemas, métodos,
didáticas, convivência escola comunidade, melhoria de qualificação do corpo
docente e várias atividades afins, capaz de reverter o quadro de avaliação
desses alunos. Para LUCKESI, “avaliar
é um ato pelo qual, através de uma disposição acolhedora, qualificamos alguma
coisa (objeto, ação ou pessoa), tendo em vista, de alguma forma, tomar uma
decisão sobre ela”.
È
preciso conhecer o lado social da avaliação, não sendo uma tarefa fácil para o
educador, nem para a sociedade distinguir o bom do ruim, precisando para isso,
de uma alta dose de conhecimentos sobre este processo. Além disso, o poder do
professor na sala de aula, dá ao docente uma certa autonomia que na maioria das
vezes pode denegrir seu trabalho. Utilizar a avaliação para certas ações como
suspensão, enquadramento a procedimentos, normas etc, pode dificultar o
processo de aprendizagem e desenvolvimento escolar. Cabe ao corpo docente,
aplicar com eficiência esses conhecimentos, tornando os resultados das
avaliações, uma forma de fomentar o crescimento do processo educativo.
O
professor deve ser inquieto na arte de ensinar, e essa inquietude deve mostrar
a grande necessidade de buscar a cada dia uma forma de eqüalizar políticas
educacionais, evidenciando um novo projeto para o ensino e aprendizagem. Esta
ânsia pelo saber, mostra um outro lado do professor – o comportamental. Segundo
TYLER, o comportamento dos alunos deve ser o fundamento da avaliação, pois, o
que se pretende em educação é, exatamente, mudar o comportamento das pessoas. A
avaliação, sempre foi ao longo da história, um grande desafio para os
educadores contrapondo-se à teoria de que avaliar é auferir resultados.
HOFFMANN propõe uma avaliação mediadora, na qual compete ao professor escutar,
interrogar e compreender mais o aluno. Na verdade, todas as teorias sobre o
assunto são legítimas, e ao contrário do que muitos pensam, precisam ser consideradas,
analisadas e delas se extrair o máximo, visando exclusivamente à melhoria do
processo, qualquer que seja ele.
Avaliar
não é somente um ato para comprovação de rendimento escolar, mas é,
principalmente, um roteiro para refletir e planejar melhor a prática didática.
Assim, no processo avaliativo a função do educador é de fundamental
importância, pois, vai direcionar uma série de informações diretamente ligadas
a todo o processo. A postura do professor deve ser de aplicar o padrão alocado
no seu conhecimento cientifico, isto é, primeiro ele precisa se auto-avaliar
tomando consciência de que está aplicando o melhor para a equipe. A avaliação
precisa acompanhar o desenvolvimento do grupo, subsidiando reflexões e
criatividades. O educador precisa estar constantemente aberto ao diálogo e se
comprometer, bem como toda a equipe com o resultado da aprendizagem.
Por outro
lado, vale mencionar ainda, que a avaliação é uma ferramenta indispensável para
a medição do nível de aprendizado do aluno, porém deve o professor utilizar a
intencionalidade, ou seja, é preciso reconhecer todo o envolvimento do aluno no
sentido de desenvolver e perseguir os resultados planejados. Para tanto,
precisamos enquanto docentes estar atentos ao longo do processo, avaliando
individualmente ou em grupo, sem, entretanto abandonar os princípios básicos
que fundamentam uma boa avaliação, que busque constantemente a obtenção dos
resultados. Estes sim, devem espelhar muito mais que uma nota, um determinado
nível de conhecimento medido, devem na realidade mostrar aquilo que se planejou
, e, ao longo do tempo foi perseguido
com perseverança e dedicação por professores e alunos – o resultado.
A
nota é portanto, um instrumento da avaliação, com a qual o professor mede
fatores importantes do processo. Entretanto, não se deve limitar a este
resultado apenas, para uma tomada de decisão relativamente ao conteúdo de
conhecimento adquirido, uma vez que o processo avaliativo tem uma abrangência
muito grande. Alguns autores são enfáticos ao dizer que não há uma forma
definitiva para se definir avaliação, e que a maioria das definições até agora
conhecidas são construções mentais, cuja
correspondência com a realidade são apenas de cunho científico.
Geraldo
Ferreira da Paixão
Engenheiro e professor
geraldoferreiradapaixao@gmail.com